domingo, 14 de dezembro de 2008

Review de filme: Cloverfield




Finalmente! Depois de uma longa espera, consegui assistir ao filme que tanto quis ver no cinema enquanto ainda estava em cartaz e que - não me lembro o motivo - acabei não conseguindo. Como podem imaginar eu estou bastante satisfeito com o resultado, por outro lado, completamente enfurecido por ter perdido a oportunidade de vê-lo na telona, já que se trata de um daqueles filmes que eu digo que foi feito para ser visto especialmente no cinema (aliás, qual filme não fica melhor no cinema?!). Fazer o que, né? "Ah, então você se fudeu, Alex! hahah". Que nada, meu amigo. Posso não ter visto o filme no cinema, mas consegui uma aproximação muito boa disso com meu novíssimo sistema de Home Theater 5.1 mais uma placa Sound Blaster Live! 24-bit, transformada em um sistema X-Fi Xtreme Audio! HAHAHAHAHAH!

Enfim, vamos ao que interessa: o filme. Cloverfield, para quem não se lembra, é um filme no estilo A Bruxa de Blair, que citei ao escrever meu review sobre [REC].

Sinopse: Cinco jovens novaiorquinos dão uma festa de despedida para um amigo na noite em que um monstro do tamanho de um arranha-céu ataca a cidade. Contado do ponto de vista da câmera de vídeo deles, o filme é um documento de suas tentativas de sobreviver ao mais surreal e aterrorizador evento de suas vidas. (Fonte: Cinema em Cena)

Assim como em [REC] (e me perdoem desde já, mas as comparações entre dois filmes são inevitáveis), palmas para a idéia de fazer o filme na perspectiva em primeira pessoa, neste caso, trazendo à tela a perspectiva da população perante a catástrofe, o que muitas vezes nos remete às sempre presentes "filmagens de um cinegrafista amador" que acompanham os mais curiosos fatos mundo afora (aliás, me impressiona como é que SEMPRE tem alguém com uma câmera em mãos pra documentar coisas inacreditáveis). As semelhanças notadas com os desastres de 11 de setembro e as filmagens de cinegrafistas amadores (eles...sempre eles...) nesta data mostrando o desespero da população não são mera coincidência, como diz o ator Michael Stahl-David nos extras do DVD. E por falar em desespero, o filme nos passa essa sensação com eficácia, e até me espantei ao descobrir que, em várias cenas, os atores se preparavam fisicamente durante alguns minutos para já entrar em cena com a respiração pesada e ofegante sem precisar fingir isso.

Talvez o maior trunfo de Cloverfield tenha sido todo o mistério envolvendo a sua produção e que não decepcionou os espectadores ao estrear no cinema. Eu descobri o filme por acaso, durante o tempo em que acompanhava diariamente o blog de publicidade Brainstorm #9. Ninguém sabia absolutamente nada sobre o filme, nem mesmo qual seria seu verdadeiro título, e então começou uma enorme caça aos easter eggs relacionados ao filme, sempre enigmáticos e, por essa mesma razão, eficientes. Seguindo essa linha de mistério, o próprio filme nos mantém sabendo o mesmo tanto que suas personagens sobre aquilo que está ocorrendo em NY, ou seja, absolutamente nada. Isso contribui para prender a atenção do espectador, uma vez que descobrimos o que se passa no mesmo ritmo das personagens. Se alguns críticos apontaram uma falha em [REC] no momento em que este tenta se justificar (e eu não concordo nem um pouco com esta crítica), não podem dizer o mesmo de Cloverfield.

Contando com uma edição de cortes secos, fotografia propositalmente mal-enquadrada e, mais uma vez, trazendo grande tensão nos momentos em que a iluminação do ambiente não contribui para ajudar as personagens (que têm de recorrer aos limitados - porém eficientes - recursos da própria câmera), Cloverfield emprega dinamismo ao mesmo tempo em que gera desconforto e certa dose de desespero ao espectador, já que este não consegue acompanhar tudo que se passa durante todo o tempo. O efeito de flashbacks causados pelos acidentes da fita que já se encontrava dentro da câmera, que ocorrem espontâneamente ao longo do filme, trazem consigo certa melancolia no momento em que nos deparamos com um passado agradável e que entra em contraste com o futuro caótico que os aguarda. Mesmo não sendo tão cru quanto seu semelhante, já que Cloverfield se apoia muito nos efeitos visuais, também acerta ao não inserir uma trilha sonora, pois isso certamente iria arruinar o clima gerado pelo filme.

Apesar de não ser tão intenso quanto [REC], nem por isso deixa de merecer seu posto. O filme faz por merecer e ocupa um lugar de destaque por suas qualidades. Ainda estou arrependido de não tê-lo visto no cinema, mas há boatos quanto a uma continuação independente do primeiro filme. Sinceramente, não aposto todas as minhas fichas de que vá ser uma experiência tão marcante; por outro lado, aposto TODAS as minhas fichas de que o remake norte-americano de [REC] (o filme Quarentena) vai ser um desastre perto do original.

Como tive a oportunidade de vê-lo em DVD, aproveito para comentar rapidamente sobre os bons extras que o disco traz, contendo muitas curiosidades sobre a criação do filme e como fizeram para mantê-lo em segredo (ou quase isso). E se a personagem da bela atriz Lizzy Caplan (Marlena) se mostra calada e não muito simpática durante o filme, atrás das câmeras a atriz é bastante divertida.

Desapontado por eu não ter escrito uma palavra sequer sobre o tal monstro responsável por toda a desgraça que ocorre no filme? Assista e descubra o monstro por si mesmo...eu não prentendo estragar a surpresa.

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