terça-feira, 16 de dezembro de 2008

"Há poucos que já foram, e muitos que nunca serão"

O tema sobre o qual vou escrever dessa vez surgiu por acaso, enquanto eu escrevia o parágrafo introdutório para um outro assunto, que resolvi abordar em outra ocasião. Logo que eu citei meu exame especial de Estatística II neste post que estava escrevendo, eu apaguei todo o parágrafo introdutório para escrever sobre uma das coisas que mais me incomoda na faculdade. Aliás, creio que este tema agrade bastante algumas pessoas do meu círculo de amizades, em especial o Carlos e o Hudson, já que rendeu inúmeros debates entre nós.

Vamos ilustrar a situação: um estudante de Ensino Médio/Fundamental não consegue se dar bem em alguma matéria e, por esse motivo, se vê obrigado a realizar uma prova de recuperação; agora imaginem a mesma situação com um estudante universitário. Acontece que o universitário não faz prova de recuperação...ele faz "exame especial". Ah, mas que frescura! E qual a diferença?! O cara tá no bico do urubu tanto quanto o outro, mas como ele está na faculdade o nome fica mais bonitinho. E não é apenas isso. Quando o sujeito é expulso da universidade, ele não é expulso...é "jubilado". Chique, né?! Afinal de contas, ele já não é um estudante comum de colégio, certo?!

O que acabei de escrever no parágrafo acima nada mais é do que uma simpes implicância minha, mas que serve como alavanca para aquilo que verdadeiramente me incomoda. Sinceramente, não sei qual é a razão por trás dessas mudanças inúteis que são incorporadas no meio acadêmico, mas essas que citei são apenas amostras das tentativas ridículas das pessoas de tentarem fingir que as coisas são diferentes agora que se encontram na universidade. Pura vaidade; puro teatro. E é exatamente sobre isso que gostaria de discorrer dessa vez. Concordo que a realidade universitária seja sim, diferente da realidade enfrentada nos colégios em diversos pontos e deve ser encarada com maior seriedade, uma vez que partimos do pressuposto que o curso escolhido está nos formando para aquilo que será o caminho que seguiremos para o resto de nossas vidas - ainda que seja apenas o primeiro passo nessa direção. Mas a bem da verdade, é apenas uma troca de roupa. Acontece que alguns acham que basta colocar a nova roupa para que a transformação ocorra; é como alguém que veste um traje de gala e finge um comportamento elegante, mas em sua essência continua sendo tão insignificante como antes. Muitos acreditam que basta entrar para a faculdade para que se transformem em novas pessoas, mais sofisticadas intelectualmente, como se "estar na universidade" fosse condição intrínseca para maturidade pessoal e acadêmica, mas a coisa não fuciona bem assim. Tanto é que eu conheço muitas pessoas que, apesar de estarem se graduando em algum curso, continuam sendo um tanto quanto imaturas, seja no aspecto psicossocial ou acadêmico. Por outro lado, aproveitando-se da crença que "estar na universidade é sinônimo de amadurecimento", algumas pessoas adotam uma postura pseudo-intelectual que serve apenas como fachada. E é exatamente a adoção dessa postura que me incomoda, mesmo porque a maioria esmagadora (para não dizer absoluta) dessas pessoas é completamente medíocre e com capacidade extremamente limitada. Eu não me surpreenderia se encontrasse algumas das pessoas que estudaram no meu antigo colégio e que não tinham absolutamente nada na cabeça agindo como se fossem melhores agora que estão na faculdade. Muitas dessas pessoas chegaram, inclusive, a passar para a melhor universidade de Minas Gerais, e uma das melhores do Brasil: a UFMG. E aí a coisa fica ainda mais interessante.

Passar no vestibular da UFMG também não é sinônimo de superioridade acadêmica/intelectual. Conheço pessoas que seguem o caminho perfeito para se tornarem péssimos profissionais, empurrando o curso com a barriga e/ou com uma mentalidade ridiculamente infantil. Tomando como exemplo meu próprio curso, conheço muitos que se tornarão psicólogos enquanto outros se tornarão Psicólogos. Já fui obrigado a assistir algumas apresentações de seminário que beiram o absurdo de tão ridículas para um padrão que se espera na faculdade. Mas também fui obrigado a suportar as atitudes de uma professora que encarava os alunos como uma turma de primário. E não estou exagerando quando digo isso, levando-se em conta que presenciei uma das aulas mais idiotas que já tive até hoje, ministrada por essa professora, e olha que já estamos caminhando para a metade do curso. Dois lados de um mesmo problema. Mas vamos voltar nossos olhares para os estudantes. 

Concordo em grande parte com um polêmico professor que eu tive no 1º período que costumava dizer que nós, estudantes de graduação, ainda somos medíocres no que diz respeito a leituras acadêmicas e produção de conhecimento. Acontece que alguns adotam essa postura até o final do curso ou então agem como verdadeiros atores fingindo alguma mudança, enquanto outros, de fato, correm atrás de um avanço pessoal e assumem verdadeiramente um compromisso com a vida acadêmica. Pode parecer confuso para alguns se eu de fato defendo a mudança de postura dos estudantes ou não. Defendo sim a mudança de postura, desde que não seja algo fingido e ilusório, e que o indivíduo não caia no erro de acreditar que a transformação é automática ao dizer "eu sou um estudante universitário", ostentando esse discurso como se fosse um troféu. Se a pessoa não correr atrás de uma mudança real, tudo vai continuar no mesmo lugar: um aluno em sala de aula REproduzindo conhecimento.

Agora, se me permitem, vou voltar aos estudos para o meu exame especial.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Review de filme: Cloverfield




Finalmente! Depois de uma longa espera, consegui assistir ao filme que tanto quis ver no cinema enquanto ainda estava em cartaz e que - não me lembro o motivo - acabei não conseguindo. Como podem imaginar eu estou bastante satisfeito com o resultado, por outro lado, completamente enfurecido por ter perdido a oportunidade de vê-lo na telona, já que se trata de um daqueles filmes que eu digo que foi feito para ser visto especialmente no cinema (aliás, qual filme não fica melhor no cinema?!). Fazer o que, né? "Ah, então você se fudeu, Alex! hahah". Que nada, meu amigo. Posso não ter visto o filme no cinema, mas consegui uma aproximação muito boa disso com meu novíssimo sistema de Home Theater 5.1 mais uma placa Sound Blaster Live! 24-bit, transformada em um sistema X-Fi Xtreme Audio! HAHAHAHAHAH!

Enfim, vamos ao que interessa: o filme. Cloverfield, para quem não se lembra, é um filme no estilo A Bruxa de Blair, que citei ao escrever meu review sobre [REC].

Sinopse: Cinco jovens novaiorquinos dão uma festa de despedida para um amigo na noite em que um monstro do tamanho de um arranha-céu ataca a cidade. Contado do ponto de vista da câmera de vídeo deles, o filme é um documento de suas tentativas de sobreviver ao mais surreal e aterrorizador evento de suas vidas. (Fonte: Cinema em Cena)

Assim como em [REC] (e me perdoem desde já, mas as comparações entre dois filmes são inevitáveis), palmas para a idéia de fazer o filme na perspectiva em primeira pessoa, neste caso, trazendo à tela a perspectiva da população perante a catástrofe, o que muitas vezes nos remete às sempre presentes "filmagens de um cinegrafista amador" que acompanham os mais curiosos fatos mundo afora (aliás, me impressiona como é que SEMPRE tem alguém com uma câmera em mãos pra documentar coisas inacreditáveis). As semelhanças notadas com os desastres de 11 de setembro e as filmagens de cinegrafistas amadores (eles...sempre eles...) nesta data mostrando o desespero da população não são mera coincidência, como diz o ator Michael Stahl-David nos extras do DVD. E por falar em desespero, o filme nos passa essa sensação com eficácia, e até me espantei ao descobrir que, em várias cenas, os atores se preparavam fisicamente durante alguns minutos para já entrar em cena com a respiração pesada e ofegante sem precisar fingir isso.

Talvez o maior trunfo de Cloverfield tenha sido todo o mistério envolvendo a sua produção e que não decepcionou os espectadores ao estrear no cinema. Eu descobri o filme por acaso, durante o tempo em que acompanhava diariamente o blog de publicidade Brainstorm #9. Ninguém sabia absolutamente nada sobre o filme, nem mesmo qual seria seu verdadeiro título, e então começou uma enorme caça aos easter eggs relacionados ao filme, sempre enigmáticos e, por essa mesma razão, eficientes. Seguindo essa linha de mistério, o próprio filme nos mantém sabendo o mesmo tanto que suas personagens sobre aquilo que está ocorrendo em NY, ou seja, absolutamente nada. Isso contribui para prender a atenção do espectador, uma vez que descobrimos o que se passa no mesmo ritmo das personagens. Se alguns críticos apontaram uma falha em [REC] no momento em que este tenta se justificar (e eu não concordo nem um pouco com esta crítica), não podem dizer o mesmo de Cloverfield.

Contando com uma edição de cortes secos, fotografia propositalmente mal-enquadrada e, mais uma vez, trazendo grande tensão nos momentos em que a iluminação do ambiente não contribui para ajudar as personagens (que têm de recorrer aos limitados - porém eficientes - recursos da própria câmera), Cloverfield emprega dinamismo ao mesmo tempo em que gera desconforto e certa dose de desespero ao espectador, já que este não consegue acompanhar tudo que se passa durante todo o tempo. O efeito de flashbacks causados pelos acidentes da fita que já se encontrava dentro da câmera, que ocorrem espontâneamente ao longo do filme, trazem consigo certa melancolia no momento em que nos deparamos com um passado agradável e que entra em contraste com o futuro caótico que os aguarda. Mesmo não sendo tão cru quanto seu semelhante, já que Cloverfield se apoia muito nos efeitos visuais, também acerta ao não inserir uma trilha sonora, pois isso certamente iria arruinar o clima gerado pelo filme.

Apesar de não ser tão intenso quanto [REC], nem por isso deixa de merecer seu posto. O filme faz por merecer e ocupa um lugar de destaque por suas qualidades. Ainda estou arrependido de não tê-lo visto no cinema, mas há boatos quanto a uma continuação independente do primeiro filme. Sinceramente, não aposto todas as minhas fichas de que vá ser uma experiência tão marcante; por outro lado, aposto TODAS as minhas fichas de que o remake norte-americano de [REC] (o filme Quarentena) vai ser um desastre perto do original.

Como tive a oportunidade de vê-lo em DVD, aproveito para comentar rapidamente sobre os bons extras que o disco traz, contendo muitas curiosidades sobre a criação do filme e como fizeram para mantê-lo em segredo (ou quase isso). E se a personagem da bela atriz Lizzy Caplan (Marlena) se mostra calada e não muito simpática durante o filme, atrás das câmeras a atriz é bastante divertida.

Desapontado por eu não ter escrito uma palavra sequer sobre o tal monstro responsável por toda a desgraça que ocorre no filme? Assista e descubra o monstro por si mesmo...eu não prentendo estragar a surpresa.

domingo, 7 de dezembro de 2008

"Tem que pagar pra ver, tem que ver pra crer (...)"

Depois de duas longas semanas sem postar por aqui muita coisa aconteceu, é claro. Assisti (lamentavelmente) ao filme Max Payne, cujo maior atrativo além da direção de arte e de duas cenas à la Matrix com efeito "bullet time", foi a parte em que o alarme de incêndio do cinema disparou, causando a interrupção do filme e uma reação, no mínimo curiosa, de todos os que se encontravam na sala do cinema.

Aliás, já que toquei no assunto, vou aproveitar para me estender sobre o tema. Não sei se isso já ocorreu com algum de vocês ou se já ouviram algum caso sobre o disparo de alarmes de incêndio, sobretudo no cinema, mas pelo menos comigo foi a primeira vez que isso ocorreu ao ver um filme. Curiosamente, não funciona. Ou, pelo menos, não como deveria funcionar. No momento em que soou o primeiro toque do alarme, acredito que todos, assim como eu, durante uma fração de segundo, acreditaram que era algum som vindo do filme, até que veio o segundo som já acompanhado das luzes vermelhas e assim continuou. A projeção foi interrompida, as luzes se acenderam e......todos os espectadores continuaram no mesmo lugar. Não, não foi uma correria generalizada do tipo "Run to the hills, run for your lives!!!". Todos, inclusive eu, ficaram se entreolhando sem saber o que fazer. A primeira coisa que veio à minha cabeça foi "Caralho, eu gastei dinheiro à toa com o filme?!" (se bem que, com incêndio ou sem incêndio o dinheiro foi desperdiçado), depois "Porra, que doido! Nunca imaginei que isso fosse acontecer!" e, finalmente, meu superego resolveu entrar em ação: "Ok...não vejo chamas ou fumaça...e nem sinto o cheiro de queimado..." (superego um tanto quanto ineficiente, diga-se de passagem...). Ora, aquilo era algo inédito! Não é todo dia que um cinema da sua cidade pega fogo justamente no momento em que você decide sair de casa para ver um filme. Mas eu fiquei decepcionado com a falta de emoção da situação...é verdade.

Bom, pelo sim ou pelo não, uma turma de meia dúzia de pessoas que estavam sentadas mais à frente decidiram abandonar a sala. Perderam tempo. Assim que saíram, o alarme parou de soar, as luzes se apagaram novamente e o filme foi retomado no ponto em que havia sido interrompido. E é aí que eu pergunto: e se o cinema realmente estivesse em chamas?! Certamente que aquele que vos escreve neste momento estaria em processo de reconhecimento da arcada dentária.

Acredito que pela falta de tragédias incendiárias no nosso dia-a-dia, muitos de nós são pegos de surpresa com essas eventualidades e acabam caindo na mesma situação que eu e os outros espectadores: ficar sem saber o que fazer. Garanto que todos, assim como eu, não acreditavam que realmente estivesse ocorrendo um incêndio no local...o pior é que parecia mesmo mentira. Mesmo que SEMPRE passe aquele aviso no início de cada sessão sobre como proceder no caso de incêndios, ninguém fez a coisa da forma correta. "E a galera que resolveu sair da sala, Alex?! Eles fizeram a coisa certa!". Não, não fizeram...porque eles não saíram pela porta de emergência (ou seja, teriam se fudido da mesma forma hahahah).

Até hoje não sei se havia algo pegando fogo, se foi alarme falso ou se foi uma simulação. Seja como for, em qualquer um dos três casos, foi um tremendo desastre...sobretudo no caso de uma simulação. Agora, quem ficou realmente queimado na história foi o cinema, já que NINGUÉM, nem mesmo alguma voz do além, surgiu para esclarecer a situação para aqueles que ficaram sem entender absolutamente nada do que se passou naquele momento.

Bom, é aquela velha história de achar que tudo só acontece com o vizinho. Vai nessa, campeão...um dia você se fode.


PS.: Gostaria de aproveitar o final do post para desejar boa sorte à Erika (Erú) e à Luíza, que começaram a prova da 1ª etapa do vestibular da UFMG neste exato momento (14:00)!